quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

RECREAÇÃO HOSPITALAR: SEMPRE OFERTADA, NUNCA IMPOSTA



Em 1998, quando a Associação Saúde & Alegria Animação Hospitalar oiniciou suas atividades junto aos pacientes internos no Hospital Araújo Jorge (especializado no tratamento contra o câncer, na cidade de Goiânia-GO), a primeira indicação recebida pela Dra. Patrícia Gramacho (psicóloga da pediatria do referido hospital), foi que as visitas sempre fossem ofertadas aos pacientes e nunca impostas.

Os pacientes, independente de serem crianças ou adultos, tem por direito a escolha de receberem ou não a visita dos recreadores. Vários motivos interferem nesta escolha, dentre estes:
  •          Estar sentindo dores;
  •          Não ter conseguido dormir na noite anterior;
  •          Indisposição física;
  •          Ou simplesmente falta de interesse.


A vontade do paciente deve ser sempre respeitada, por isso, após cumprimentar o paciente (estando o recreador na porta da enfermaria, sem entrar) é perguntar:
- Posso entrar?

Respeitar a vontade do paciente vem antes de qualquer atividade recreativa, lembrando que, para o paciente, ter a sua decisão acatada é um ato maior que cordialidade, é ter seu direito preservado.

Texto: Maurício Antônio do Nascimento

Fundador Presidente da Associação Saúde & Alegria Animação Hospitalar. 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

ASSINATURA DE TERMO DE TRABALHO VOLUNTÁRIO DE 2016

No dia 10/01/16 a Assoc. Saúde & Alegria Animação Hospitalar deu início ao processo de assinatura do Termo de Acordo de Trabalho Voluntário - Exercício 2016, acordado entre a associação e os associados veteranos, uma vez que, os recreadores novatos já assinaram o referido Termo durante o processo de adesão.  No último domingo (10/01/16) assinaram o Termo os recreadores da EQUIPE AZUL (atuantes no 2° e 4° domingo), Os recreadores da EQUIPE ROSA (atuantes no 1° e 3° domingo) assinarão no dia 17/01/16.

É de extrema importância que a instituição de voluntários documente a adesão dos seus associados, pois desta forma resguarda os direitos e deveres de ambas as partes, além de previnir quanto a problemas trabalhistas. 

O Termo de Acordo de Trabalho Voluntário da Assoc. Saúde & Alegria, é redigido por meio de assessoria jurídica, e é arquivado em pasta individual, juntamente com as cópias dos documentos pessoais dos voluntários:
- RG;
- CPF;
- Comprovante de endereço;
- Cópia do Cartão de vacina comprovando imunização contra Tétano, Hepatite e Difteria.

O Termo de Acordo de Trabalho Voluntário da Associação Saúde & Alegria pode ser revogado à qualquer momento por ambas as partes. Agora, para renovação do Termo é necessário interesse de ambas as partes, e também a quantidade mínima de 24 atuações do voluntário durante o ano.

Dos 40 associados atuantes em 2015, 26 deles renovaram o Termo, enquanto 14 deles não quiseram renovar ou perderam a vaga devido não atingirem a quantidade mínima de atuações.  

Para cobrir as 14 vagas que ficaram em aberto, foram recrutados novos voluntários por meio de processo seletivo, sendo que, além desses, mais 4 voluntários foram selecionados, totalizando assim 18 novos colaboradores.

A Associação Saúde & Alegria sente-se honrada em renovar contrato com seus colaboradores veteranos, aos quais agradece a confiança e credibilidade pelo trabalho desenvolvido.

Que 2016 seja um ano muito feliz para todos nós, que com fé em Deus seremos uma grande família de palhaços unidos pelo mesmo ideal.


quinta-feira, 14 de março de 2013

CARTILHA DOS DIREITOS DO PACIENTE COM CÂNCER



A Superintendência Jurídica e o Departamento de Serviço Social do Hospital A.C.Camargo (em São Paulo-SP),  com o objetivo de apoiar e auxiliar o paciente diagnosticado com câncer, elaboraram a CARTILHA DOS DIREITOS DO PACIENTE COM CÂNCER
Este material trata de algumas questões práticas, relacionadas às áreas sociais  e financeiras que os afetam, como por exemplo :
  • direitos das pessoas portadoras de câncer e/ou doenças graves;
  • processo de soliciação de benefícios previstos em lei.    
Como nosso atendimento é direcionado aos pacientes com câncer, internados no Hospital Araújo Jorge (Goiânia-GO), sugiro que deêm uma olhada neste material.

Para baixar a cartilha no seu computador, acesse o link abaixo: 
 

Quanto mais Saúde & Alegria Melhor!


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A IMPORTÂNCIA DO MARKETING PARA OS GRUPOS DE PALHAÇOS QUE ATUAM EM HOSPITAL


Maurício Antônio do Nascimento com Dra. Clariderm (coordenadora de Marketing da Assoc. Saúde & Alegria) e Dra. Tia Nina (Coordenadora de Produção da Assoc. Saúde & Alegria)

Texto: Maurício Antônio do Nascimento

Com o passar do tempo o trabalho voluntário tem conquistado maior credibilidade junto à sociedade, isso graças a diversos trabalhos de extremo profissionalismo que são desenvolvidos em várias áreas, dentre elas a RECREAÇÃO HOSPITALAR.
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Os grupos de palhaços que atuam em hospitais de todo o mundo tem transformado este ambiente em locais mais humanizados, onde os indivíduos são mais importantes que as doenças.
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Infelizmente a maioria desses grupos não consegue se consolidar e  encerram suas atividades em pouco tempo. 
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Através da observação e de entrevistas com integrantes de alguns grupos inativos, constatei que dentre os fatores que desencadeiam a dissolução desses grupos está a falta de planejamento de marketing.
Alguns grupos, por atuarem com trabalho voluntário, acreditam que o que se é ofertado não deve ser divulgado, no entanto, esquecem que, muitas pessoas buscam oportunidade de trabalho voluntário e não sabem onde procurar. Outras pessoas desejam fazer ofertas financeiras e encontram dificuldades para encontrar locais confiáveis.  Daí a importância de realizar um trabalho profissional, ético, de honestidade transparente  e divulgá-lo, pois desta forma você não estará "somente" pedindo auxílio, dessa forma você estará é "ofertando" oportunidades de caridade, seja através do trabalho voluntário ou para doações.
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Sendo assim, o marketing é uma ferramenta importantíssima para conquista de colaboradores e patrocinadores. 


PLANO DE MARKETING DA ASSOCIAÇÃO
SAÚDE & ALEGRIA ANIMAÇÃO HOSPITALAR

O plano de marketing da Associação Saúde & Alegria é dividido em marketing interno e marketing externo:

1. Marketing interno

O objetivo principal do marketing interno da Associação Saúde & Alegria Animação Hospitalar está relacionado a divulgação da programação das suas atividades, assim como a apresentação dos seus resultados. Esta divulgação é direcionada aos associados através do “Jornal On Line Saúde & Alegria”, distribuído semanalmente via correio eletrônio. Seus objetivos são:

- Fortalecer os relacionamentos interpessoais dos colaboradores;


- Ilustrar a boa organização da associação, promovendo aos seus colaboradores satisfação por fazerem parte de uma equipe que desenvolve suas atividades de forma profissional.



Decoração temática da entrada principal da sede da Assoc. Saúde & Alegria
     A decoração temática de sua sede também faz parte do marketing interno da associação, pois através da utilização de elementos lúdicos, influencia seus colaboradores a um estado de espírito festivo, decorrente da beleza do ambiente que estão inseridos. Esta decoração é alterada conforme as comemorações sazonais, como por exemplo na Páscoa.

    Para Garcia(2005), o bom aspecto visual das instalações, dos produtos e dos colaboradores são importantíssimos para a conquista de clientes:

    O bom aspecto visual de um plano de assistência médica já é um passo para a venda. A apresentação em pastas e folhetos em cores contém algumas formas de embalar o produto, destacando-o. Mas não é só: a apresentação da fachada de uma clínica, de um hospital, de um consultório, de uma maternidade é muito importante. Não esquecendo de forma alguma que de nada adianta instalações perfeitas, adequadas e aconchegantes se as pessoas que atendem os clientes, não o fizerem com delicadeza, profissionalismo e humanismo. (GARCIA, 2008, pg.38).

    2. Marketing externo 
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    O marketing externo da Associação Saúde & Alegria está relacionado as ações realizadas junto as pessoas não associadas. Sem o marketing externo, a divulgação do projeto Saúde & Alegria estaria extremamento deficitária.

    Principais objetivos do marketing externo na Assoc. Saúde & Alegria:


    -Divulgar da importância da humanização do ambiente hospitalar;

    -Incentivar a adesão ao trabalho voluntário;

    -Divulgar a marca Saúde & Alegria.

      Os objetivos secundários do marketing externo da Associação Saúde & Alegria são:

      -Conquistar novos associados;

      -Conquistar novos patrocinadores;


          Folder  da Assoc. Saúde & Alegria

          Os veículos de marketing externo utilizados pela Associação Saúde & Alegria são:

          -Matérias jornalísticas televisivas;
          -Anúncio em jornal;
          -Site (www.saudealegria.com.br);
          -Blog (associacaosaudeealegria.blogspot.com.br)
          -FACEBOOK(Saúde & Alegria Animação Hospitalar);
          -Folder;
          -Cartão do dia das mães ( entregue aos pacientes);
          -Cartão do dia dos pais (entregue aos pacientes);
          -Placa com nome do grupo nos carrinhos auxiliares;
          -Exposição fotográficarealizada em shopping;
          -Espetáculo Luzes da Vida, que é uma apresentação teatral realizada pelos próprios associados.

              Maurício Antônio do Nascimento, sendo entrevistado pela TV Anhanguera, filial da Rede Globo, abordando a Folia de Reis da Assoc. Saúde & Alegria.

              Maurício Antônio do Nascimento com Dra. Tia Nina (Vice Presidente da Assoc. Saúde & Alegria), em exposição fotográfica da Assoc. Saúde & Alegria, em um shopping de Goiânia.

              CONCLUSÃO:

              A utilização do marketing pelos grupos de palhaços que atuam em hospitais auxilia na administração, controle e direção das atividades dos próprios grupos, além de que,  seu arquivo torna-se registro histórico.
              Sendo assim, o marketing é um instrumento que auxilia na organização dos próprios grupos de palhaços de hospital, além de promover credibilidade junto à opinião pública.

              quarta-feira, 16 de maio de 2012

              CONQUISTAS E DESAFIOS DE UM GRUPO DE RECREADORES

                      
              TÍTULO....: Conquistas E Desafios De Um Grupo de     
                                   Recreadores Hospitalares
              Autor........:  Maria Aparecida da Silva
              Instituição:  Sociedade Brasileira de Psicoterapia, Dinâmica de     
                                   Grupo e Psicodrama – PUC (Goiânia/GO)
              Curso........:  Pós-Graduação Especialista Em Consultoria e 
                                    Coordenação de Grupo
              Data..........:   Setembro/2003


              (Dra. Cidinha  juntamente com uma recreadora da Assoc. Saúde & Alegria
              na apresentação de sua monografia junto à banca avaliadora)

              INTRODUÇÃO

              O presente trabalho baseou-se nas atividades recreativas desenvolvidas pelos recreadores da Associação Saúde e Alegria Animação Hospitalar, nas dependências do Hospital Araújo Jorge (especializado em câncer).

              OBJETIVOS DA PESQUISA

              Objetivou-se apresentar as principais conquistas e desafios encontrados por um grupo de recreadores hospitalar em um ambiente de vida e de morte (hospital especializado em câncer), tendo como objetivos específicos: 

              • Mostrar a trajetória do grupo de recreadores hospitalar;
              •  Identificar as forças impulsoras que levam a buscar esse trabalho e as restritivas vivenciadas no processo;
              • Evidenciar o desempenho de papéis;
              • Identificar pressupostos teóricos que fundamentam o comportamento e as atitudes do grupo para atuarem com dedicação, desprendimento e comprometimento.

              JUSTIFICATIVA
              Atualmente está cada vez maior o número de teóricos que afirmam a origem emocional do câncer. Nos últimos tempos o câncer tem agregado sobre si uma preocupação também dos teóricos de psicologia que buscam estudar sobre sua ocorrência, incidência e desdobramentos, assim, diante das descobertas realizadas propõe humanizar a dor dos que sofrem.
              Neste contexto, é que os recreadores da Associação Saúde & Alegria Animação Hospitalar vivem a humanização. Utilizam-se do imaginário e criam as condições para que os sonhos possam se tornar realidade diante das dificuldades enfrentadas, buscando com esse trabalho revolucionário, levar através da arte a alegria, entusiasmo, carinho, atenção e o amor aos pacientes e seus acompanhantes. Através de cada personagem, mostram que o brincar é a melhor forma de encontro, e com os sorrisos que agora fazem parte desse cenário, podem dar sua contribuição à vida.
              Há cerca de dois meses a autora teve o privilégio de conhecer o trabalho realizado pelos recreadores da associação Saúde e Alegria, e encantou-se com a dedicação, esmero e comprometimento do grupo em realizar suas atividades. Em decorrência dessa empatia, se deu o interesse de utilizar a trajetória do Saúde & Alegria como tema desta monografia.
              Este estudo é importante, instigante e interessante aos nossos dias, uma vez que retrata a história, estrutura e a forma de atuação de um grupo de recreadores num ambiente hospitalar, que tem a morte à espreita, onde seu maior objetivo é resgatar o otimismo, a alegria e a vida. É relevante socialmente porque a contextualização dessa trajetória fará com que o trabalho da associação Saúde & Alegria seja divulgado no meio científico e acadêmico. Sendo também uma forma de reconhecimento do trabalho desenvolvido por esse grupo, de forma voluntária, desprendida e dedicada ao bem-estar do próximo.

              METODOLOGIA
              Para a análise da dinâmica grupal utilizou-se das referências teóricas da Teoria de papéis de Jacob Levy Moreno, Campo de forças de Kurt Lewin.
              Na coleta de dados e informação, utilizou-se de questionário, entrevistas e pesquisa documental. A amostra constou com 15 recreadores, representando 50% da população, que foram tratados de forma quanti-qualitativa.


              APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

              Foram pesquisados quinze recreadores, o que corresponde a 50% da população, sendo que neste grupo existe a participação de recreadores do sexo masculino e também feminino. A faixa etária de 20 à 36 anos, e grau de escolaridade de segundo grau à superior completo, com permanência no grupo entre 8 meses à 5 anos.


              A maior parte dos entrevistados relataram que consideram ser um recreador aquele que:
              • Leva alegria, respeito, amor, distração, descontração;
              • Auxilia os outros a esquecer a dor, através da alegria, da fantasia e esperança;
              • É uma pessoa amiga, que pratica solidariedade e tem consciência da sua responsabilidade social;
              • Descobre uma oportunidade à mais de auxiliar o próximo, através da conversa, brincadeira, atenção, toque e principalmente, respeito e amor.


              Quanto ao representar um personagem, os entrevistados consideram que é:
              • A oportunidade de liberar a criança interior, sem medo do que as pessoas vão falar;
              • Colocar em prática o que DEUS pede: amar ao próximo;
              • É poder fazer o que muitas vezes não conseguem realizar sem a maquiagem: brincar, falar de amor, ser carinhoso;
              • Por alguns minutos ser uma pessoa perfeita;
              • Deixar extravasar tudo que têm de bom;
              • Poder realizar o sonho de trabalhar com as pessoas, ensinando e aprendendo os verdadeiros valores da vida;
              • Oportunidade de expor o lado bom, auxiliando as pessoas através da alegria e da fantasia.


              “Representar um palhacinho de hospital, é se conscientizar que existe dentro de cada um, uma pessoa sempre alegre, disposta, de bom humor, sem preocupações, acessível em todos os sentidos” (relato de um recreador).


              Os entrevistados relataram que os motivos que os levaram a se interessar pela atividade foram:
              • Sempre desejaram realizar um trabalho voluntário e ficaram maravilhados com os objetivos grupo;
              • A morte de alguém na família despertou para a importância do ser humano receber atenção, principalmente quando se está doente;
              • Gostar de trabalhar com pessoas;
              • Identificação com o trabalho, devido se acharem comunicativos, carinhosos, otimistas e alegres.


              Um deles relatou: “Eu me sentia naquele momento em que conheci o grupo um pouco só, impotente em não poder fazer algo de eficiente para a sociedade melhorar. O Saúde & Alegria, seria a oportunidade de realizar um pouquinho do meu sonho, que é exercer a medicina.   Quando houve o convite para a entrada no grupo me senti radiante,  como alguém que sabia que tinha recebido a mão de Deus direcionado minha vida”.

              Os recreadores consideram que se sentem sensibilizados quando:

              • Seu trabalho faz a diferença na vida dos pacientes;
              • Os pacientes esperam pelas suas visitas;
              • Sentem que estão sendo úteis, sendo carinhosos e tratando os pacientes com respeito às suas limitações, dores, e medos;
              • Ouvem os relatos emocionados dos pacientes;
              • São as únicas visitas de muitos pacientes;
              • Observam que as crianças, mesmo passando por momentos difíceis, não deixam de ser crianças;
              • Os pacientes melhoram ao vê-los.


              “Ver a transformação da pessoa atendida, que mesmo sofrendo enxerga alegria em meio a sua dificuldade”, relata um dos recreadores.

              Os entrevistados relataram que os momentos mais difíceis são aqueles que:

              • O trabalho não flui de maneira satisfatória;
              • Os pacientes estão inconscientes e seus acompanhantes se encontram em total desespero;
              • Acontece uma situação chocante, principalmente com as crianças;
              • Quando um paciente morre junto aos recreadores.


              Quanto a preferência de atuação junto aos pacientes, houve um empate nas escolhas, mostrando equilíbrio no grupo:
              §         50% prefere atuar com crianças;
              §         50% prefere atuar com adultos.

              “Gosto de trabalhar tanto com crianças quanto com adultos. Com as crianças porque mesmo elas não sabendo conversar sobre tudo, através do olhar e do sorriso dizem muito. Com os idosos porque eles gostam de conversar, e suas histórias sempre servem como lição de vida”, comentou um recreador.

              Os entrevistados consideraram em seus relatos como momentos mais interessantes quando:

              • Todos no grupo estão na mesma sintonia;
              • Estão se maquiando e se transformando em palhaços;
              • Lêem os relatórios diários;
              • São realizadas as didáticas preparativas para entrar no hospital, com a utilização de textos de reflexão;
              • No momento de entrar no hospital, pois nessa hora é o momento de maior euforia.


              “Nesta hora, as piadas e as brincadeiras nem parecem que já foram feitas, tornam-se um momento mágico”, relata um deles.


               “A alegria, o apoio e a animação dos recreadores é fenomenal, se você não está num dia bom é só vir trabalhar no Saúde & Alegria. Aqui sempre tem uma piada, um carinho, uma brincadeira ou uma atitude animadora por parte dos recreadores”, comenta um deles.


              “ Vários momentos são importantes, mas dentre eles, a certeza de contar com o apoio da equipe para nos ensinar e trocar experiências é o mais importante”, comenta outro recreador.

              Os entrevistados em sua grande parte, relataram que tem facilidade na atividade devido:
              §         Se considerarem muito animados;
              §         Saberem entrar num quarto e fazerem a diferença;
              §         Terem como primordial o equilíbrio e a ética;
              §         Saberem usar uma palavra amiga;
              §         Gostarem muito de conversar.

               “O meu segredo é o meu sorriso. Ele conquista na maioria das vezes a confiança do paciente, facilitando a abordagem. Acredito que um ponto forte também é o meu “jeitinho” meigo de ser, o qual é muito indicado pelos amigos do grupo”, relata um recreador.

              De acordo com os entrevistados, o que mudou na percepção de mundo à volta deles está dentro do seguinte contexto:

              • Seus problemas se tornaram muito menores que os dos outros;
              • O ambiente hospitalar se tornou mais flexível e agradável;
              • O ânimo para enfrentar os problemas aumentou;
              • A doença deixou de ser vista como foco principal, cedendo lugar para o ser doente;
              • Passaram acreditar que tudo pode ser muito melhor, se cada um fizer a sua parte, e que o sofrimento pode ser diminuído se for encarado com paciência, fé e otimismo.


              “Me tornei uma pessoa muito mais paciente e receptiva. Além disto, aprendi que em um grupo o trabalho só é completo quando o "grupo funciona”, quando a equipe faz o trabalho em conjunto. Aprendi também a respeitar as diferenças individuais e isto me ajudou tanto na minha vida pessoal quanto profissional”, relatou um recreador.


              Constatou-se na categoria Conquistas, onde os recreadores consideraram os momentos mais interessantes quando o grupo constrói um clima emocional próprio, através das relações entre seus membros. O clima afeta a tarefa e o desempenho global, caracterizando tendências de coesão e integração de esforços.


              Predomina no grupo o compartilhamento de sentimentos e “calor humano”, oferecem apoio uns aos outros e isso enseja o aparecimento de uma oportunidade de dar alegria ao outro que está em situação difícil. Constata-se esse dado através de Moscovici (1985), verificando que “em qualquer grupo, da mesma forma, podem ser observadas condições variáveis de calor humano, tensão, movimentos equilíbrio, restrições, alegria, insegurança, crises. Estas condições, em conjunto, formam a “atmosfera”, responsável pelo que os membros do grupo sentem a seu respeito”.


              A interação no nível sócio-emocional favorece o andamento das tarefas.   Os resultados do trabalho e as relações interpessoais, representam o conjunto de forças impulsoras atuantes na situação individual e grupal, e suas influências são recíprocas.


              Verificou-se que os recreadores possuem facilidade em executar suas atividades, mostrando que as pessoas buscam o que as mobiliza, porém é preciso que elas primeiramente conheçam as suas reais necessidades. Faz-se necessário o auto-conhecimento para que se possa valorizar e descobrir aquilo que as motiva, podendo assim, atingir sua realização pessoal, que é executar de forma tranqüila, harmônica e espontânea as atividades que se propõe a fazer.


              Pode-se constatar a interferência do papel psicodramático no papel social, conforme Moreno (1972) desenvolve na teoria de papeis, confirma-se a interferência do papel psicodramático no papel social, uma vez que cada um cumpre vários papéis sociais na vida real e que suas características de personalidade mesclam-se às variáveis externas no desempenho de cada papel, dando ao personagem um colorido ou “marca” absolutamente singular.


              Pode-se perceber que os recreadores realizam as suas atividades através da arte de representar um papel, que é um caminho único, como quer que seja entendida, tem uma função extremamente importante e essencial para o desenvolvimento humano, podendo fazer a integração de elementos como sentimento-pensamento, fantasia-realidade, etc. tendo o poder de unir forças e favorecer a conciliação das necessidades do indivíduo com as demandas do mundo exterior encontradas no hospital.


              A maioria dos entrevistados considerou que sua percepção de mundo alterou-se. Relataram sentirem-se alegres na convivência harmoniosa. Resgatou-se a criança interior, transformaram-se interiormente, tornaram-se mais pacientes e receptivos. Houve um encontro com o lado espiritual, pois de acordo com os resultados, observou-se em algumas frases citarem Deus.


              Verificou-se que a experiência da alegria exige percepção da própria pessoa e de suas capacidades, fazendo com que enfrente cada nova situação, sabendo lidar com ela e refletindo o movimento que favorece ao desenvolvimento do potencial humano. Assim, a alegria é o sentimento resultante de explorar o meu ser, minhas faculdades cognitivas e sensoriais, meus sentidos, meu corpo e meu espírito, de todas as maneiras que eu for capaz.


              A dinâmica do grupo reflete o quanto o processo vivenciado alterou o campo de forças (Lewin, 1948), notadamente no que se refere às forças impulsoras, que teve a sua intensidade ampliada, que traz um resultado positivo.


              Ressaltou-se na análise dos resultados as conquistas do grupo de recreadores por estes demonstrarem que desenvolvem um trabalho revolucionário, onde acredita-se  que por mais grave que seja o estado clínico do paciente, existe ali uma essência saudável, que pode ser tocada. Percebe-se nesse trabalho, a arte como veículo do desenvolvimento da saúde.


              Evidencia-se neste contexto, a importância do processo grupal, a sinergia desenvolvida na relação entre os membros, conforme ressalta Moscovici (1985) “a energia mobilizada nos comportamentos individuais pode direcionar-se para resultantes ao longo de um contínuo. Este estende-se desde o extremo da divisão de forças, representada pela individualização de esforços e resultados, até o outro extremo do total dinâmico maior que a soma das parcelas, representado pela sinergia grupal”.

               


              CONSIDERAÇÕES FINAIS

              A pesquisa realizada, tendo como objetivo central identificar e analisar as principais conquistas e desafios encontrados por um grupo de recreadores dentro de um hospital, comprova a importância da crença no potencial humano e as inúmeras possibilidades de desenvolvimento em um macro cenário de grandes transformações no mundo, e em um micro cenário institucional, onde a doença e a luta pela vida são experiência por todos os envolvidos.
              Os dilemas vivenciados e superados se constituem também em conquistas e desafios, delineando a importância do desempenho de papéis, do processo grupal e do campo vital no desenvolvimento do indivíduo, do grupo e da institucional.
              Através do estudo realizado, percebeu-se que a arte cria um campo de compreensão dos fenômenos, que englobam uma série de fatores que estão além do pensamento linear e lógico dos fatos. É capaz de colocar em um mesmo espaço de idéias contraditórias ou reprimidas. Magia, fantasia, emoção, todos os fatores importantes para o equilíbrio humano têm espaço nessa dimensão. Por meio dele, encontra-se um poder de comunicação que está além das palavras.
              Os dados revelaram também, que as pessoas estão satisfeitas em trabalhar no grupo e possuem um bom relacionamento com colegas e pacientes, retratando assim um clima satisfatório e a importância do processo grupal na realização pessoal e institucional.
              As conquistas dos membros do grupo em questão são intrínsecas, e suas atividades têm fluído com dedicação e satisfação. Este resultado demonstra a importância de despertar motivação nas pessoas e de reconhecer seu valor dentro do grupo.
              Contudo, vale ressaltar que mesmo diante destes resultados, o grupo precisa continuar sempre inovando e se atualizando para que o processo se fortaleça cada vez mais, tendo em vista que a dinâmica abordada varia conforme a pessoa e, na mesma pessoa, conforme o tempo.
              Porém, estudos mais aprofundados podem contribuir para a descoberta de novos fatores que estimularão ainda mais as pessoas do grupo, favorecendo com o isso o trabalho a ser realizado.
              Os obstáculos serviram de motivos para querer sempre fazer melhor e acreditar que é possível ser mais do que aquilo que se pretende ser.


              REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
              ANGERAMI-CAMON, Waldemar Augusto. E a Psicologia Entrou No Hospital. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.

              LEWIN, Kurt. Problemas De Dinâmica De Grupo. São Paulo: Cultrix, 1948.
              MARTIN, Eugênio Garrido. J.L. Moreno: Psicologia Do Encontro. São Paulo: Duas Cidades, 1988.
              MASETTI, Morgana. Soluções De Palhaços: Transformações Na Realidade Hospitalar. São Paulo: Palas Athenas, 1998.

              MORENO, Jacob Levy. Psicodrama. São Paulo: Cultrix, 1991.

              MOSCOVICI, Felá. Desenvolvimento Interpessoal. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora, 1985.
              _________. Equipes Dão Certo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1996.

              NEVES, William de Melo. Psicodrama Empresarial. Apostila de Estudos. Belo Horizonte, 1994.

              SAUDE & ALEGRIA ANIMAÇÃO HOSPITALAR. Objetivos, Origem, Figurino, Pediatria, Trabalho Voluntário, Doações, A Turma do Saúde & Alegria. Informação obtida via Internet Web Site: www.saudealegria.com.br.

              SCHUTZ, William. Psicoterapia Pelo Encontro. São Paulo: Atlas, 1978


              Dra. Cidinha e Maurício A. Nascimento (Pres. Assoc. Saúde & Alegria)

              Dra. Cidinha,

              Em nome de todos os voluntários da Associação Saúde & Alegria Animação Hospitalar, agradeço imensamente a sua iniciativa de utilizar as nossas atividades e colaboradores como fonte de pesquisa para sua monografia.
              Agradeço ainda, pela consultoria realizada junto a coordenação deste grupo, auxiliando-nos no desenvolvimento deste trabalho de alegria e amor.
              A sua passagem nesta instituição é o divisor de águas da nossa história, que  divide-se em antes e depois do seu auxílio.
              Seremos eternamente gratos não apenas pela sua ajuda, mas também pelo carinho e respeito com que você sempre nos tratou.
              Quando precisar de uma mãozinha de palhaço, lembre-se que aqui você encontrará muitas, que estarão sempre prontas para servi-la.

              Cordialmente,
               Maurício Antônio do Nascimento
              (Fundador/Presidente da Associação Saúde & Alegria Animação Hospitalar)